Enough already...

Olá. Enquanto estava eu a registar alguma informação sobre gRPC no meu OneNote book só para techie stuff... deparei-me com o seguinte comentário que espelha bem a minha opinião sobre a esquizofrenia tecnológica em que vivemos:

"the development world is stuck in an obsessive compulsive cycle of academically fixing problems that don’t exist with solutions that don’t work for an audience that doesn’t get it"

By Jonathan Bakert (não conheço)

Friso principalmente a última parte, em que tantas vezes assistimos a desejos de stakeholders que leem "umas coisas" escritas de forma simplista mas que são "da moda" e que passam a criar requisitos à volta daquela tecnologia quando o contexto da sua organização não o permite. E não o permite seja pela forma de trabalhar entre equipas, conhecimento, manutenção futura, etc.. Pode muito bem não ser aplicável!!

Um arquiteto de soluções de informática, tem que ter em conta não só os requisitos técnicos como os de negócio como ainda os de operação (e demais?)! São disciplinas diferentes, sim, e não queremos ser jack of all trades master of none *mas* temos que conseguir juntar os vários pontos por forma a vermos a figura completa! Algo que não é feito por quem lê uns artigos aqui e acolá. É esse o valor acrescentado de um arquiteto de sistemas dedicado.

Se analisarmos a primeira parte do comentário - de arranjar algo que não está partido - há que a contextualizar com alguns fatores:

1. As várias gerações de técnicos, desde programadores, web designers, DBAs, passando pelo técnico de cablagem de redes ou instalação de pontos de acesso.
2. Há ainda também o contexto tecnológico de cada época (onde porventura existiram verdadeiras evoluções).
3. E o contexto financeiro - o simples "dinheiro".

Ao invés da tecnologia de software estar sempre a reinventar-se reciclar-se à volta de um desses fatores "talvez" fosse importante mesmo é utilizar aquela tecnologia que temos há anos e começar a aplicá-la a algo que não é comum. Melhorá-la - isso sim. Não é inventar OUTRA tecnologia com um nome super trendy.

Por exemplo, fala-se da necessidade de proteger as florestas, finalmente ouve-se falar de drones a ajudar na sua monitorização! Portanto, algo que foi criado com um contexto completamente diferente e, de repente, ajuda-nos a proteger a natureza!

Pode-se também falar da agricultura mais sustentável com utilização de IoT - mais uma vez, algo que existe há anos para para controlar por exemplo os Kms feitos por camionetas de mercadorias ou a sua velocidade máxima atingida durante a viagem: a Telemetria (chamado de forma simples). Agora, usa-se a mesma coisa mas noutro contexto. E isso sim é a inovação! Disrupção - continuidade mas de forma diferente.

Não percamos tempo a reinventar ainda outra tecnologia de software que daqui a uns anos meses, mantendo este ritmo, é novamente legacy software.

Se pegarmos no exemplo dos drones, é óbvio que estes evoluíram, claro. Peguemos na industria automóvel! Os automóveis também evoluíram! Mas a verdade é que não se começou a achar que as carroças é que eram boas outras vez! Ou carros a pedais. Não se desmancha tudo e começa do zero. É uma melhoria contínua. Cada marca na indústria automóvel tem orçamento específico para a melhoria contínua! Onde há isso na tecnologia de software (se não contarmos com plataformas Saas ou produtos ootb)? Talvez consigamos imaginar que existe melhoria continua com a utilização de conceitos como MVPs mas.. se formos até à parte financeira, torna tudo tão complexo de gerir e de obter rentabilidade a partir de um projeto só e falando da prestação de serviços por parte de empresas para empresas...

Por isso, pensemos mais naquilo que existe atualmente como tecnologia de software (mas não só) e como podemos usar só e tão simplesmente de forma diferente e, também, adaptarmos alguns processos/manias/convicções.

ufff...

Bem hajam...